Olá!
Hoje a postagem aqui será diferente, escrita especialmente pelo Gil. Não é sobre bonsai, nem pré-bonsai, nem nada do gênero.
Hoje a postagem é sobre o Naté, meu pai.
Todo mundo tem um pai, queira ou não queira, conhecendo ou não conhecendo, pois no ser-humano a reprodução é sexuada, o que exige um esperma e um óvulo. E meu pai é você.
Quando era criança você era o meu herói, alguém que eu não via a hora que chegasse em casa para a gente se encontrar. Sempre foi um pai muito bom.
A vida não nos deu só alegrias. Todo mundo erra, e tanto você meu pai, quanto eu erramos e muito. E o erro dá lugar para a mágoa, e a mágoa para o ressentimento.
Falar que desculpamos alguém é fácil. Mas perdoar alguém já é outra história.
Minha adolescência não foi tão fácil assim, nem pra min e nem pra você pai, por tudo o que nos ocorreu, pelas desculpas mutuas que nos recusamos a nos dar. Mas eu sei que com o passar dos anos isto foi inevitável.
O meu relacionamento com a Fuka me fez ter uma visão diferente de tudo. O perdão surgiu no meu coração e a nossa aproximação foi de novo garantida.
Mas a vida é cheias de altos e baixos. Quando estávamos em um patamar alto novamente, um baixo veio para mim.
Nunca me esquecerei daquelas férias que tive no serviço no agosto do ano passado, e logo no dia seguinte de você ter pago uma rodada de esfihas para toda a nossa família, você ter passado mal depois que foi no banco, caindo no corredor da casa da mãe, fazendo com que ligassem pra mim ir até aí ver o que estava acontecendo.
Nunca vou me esquecer da nossa conversa, sobre sua preocupação com a dormência do lado esquerdo do seu corpo, e do copo d'água que você me pediu.
Gostaria que o senhor soubesse que assim que eu cheguei na casa da mãe, eu liguei pro SAMU.
Mas não deu tempo pai. O senhor sofreu um ataque cardíaco fulminante, e morreu nos meus braços pai. Quando te vi fechando forte a boca impedindo o ar de entrar nos seus pulmões, não pensei duas vezes e coloquei meus dedos na sua boca, mas não ajudou muito. Nosso maxilar é muito forte e a fragilidade de nossos dedos quase que fez perder as pontas deles. Mas eu não retirei eles de lá. tentei te ajudar. Sei que o correto é fazer tudo aquilo que falam sobre massagem cardíaca mas na hora a gente esquece de tudo pai, e a única coisa que fiz foi isso. E gritei por socorro. A tia Dil veio me ajudar. Mas você estava sofrendo convulsões e morreu nos meus braços.
Isso me fez ficar mal por muito tempo pai. Passei noites chorando dormindo na cama que o senhor tinha nos comprado duas semanas antes disso tudo acontecer. E chorei mesmo. Não chorei no seu velório, e chorei um pouco no seu enterro. Não porque eu não estava triste, mas porque estava muito abalado. Muito mesmo.
Não sabia o que fazer para melhorar. Ficar em casa de férias só me prejudicou. Voltar ao trabalho me ajudou bastante, pois conversei sobre tudo isso com meu supervisor, o Nilton Machado, e através dele conheci a religião, o espiritismo Kardecista, onde finalmente me senti confortável.
Eu tinha comprado uma camisa pra você pai para te dar no dia dos pais. Eu comprei no fim de julho com uma amigo meu e resolvi guardar para te dar no 2° domingo de agosto, mas não deu tempo. Até hoje me arrependo de não te ter dado antes, mas eu não sabia que nada disso iria acontecer.
Hoje pai, um ano depois daquele 4 de agosto de 2011, ainda choro pai, mas não de remorsos, ou susto, ou medo, mas sim de saudades. Esta danada saudades. Que nunca diminui.
Só aumenta.
Te amo. Siga em frente na sua recuperação meu velho!
Tenho certeza que iremos nos encontrar muitas e muitas vezes ainda.
Se não nesta, em outra encarnações!
A gente se vê!
Minha mãe Janete e meu pai Natércio.
Eu e meu coroa.
O Pedro ainda uma criancinha e meu pai.
Minha irmã Fernanda e meu pai.
Meu pai e meu cunhado Rafael .
É isso aí!
Até mais!
Devemos perdoar as pessoas antes que seja tarde demais!
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